segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PESCAS

Vou escrever uma coisa que talvez esteja errada, não fui pesquisar, aliás, não sou nenhum pesquisador, considero-me mais um observador. Vou falar das pescas e do que observei no porto da Horta. Estava no cais á espera de uns contentores do circo que tinham uns leões e eu queria fotografá-los quando me apercebi de dois navios de pesca encostados ao cais. Um deles estava-se a armar para mais uma faina e tinha acabado de receber os seus tripulante, filipinos ou indonésios não sei mas asiáticos de certeza absoluta. O navio era espanhol e tinha a matrícula de Vigo, aliás, eram os dois navios espanhóis.
Pensei cá para mim, porque raio não temos nós navios destes a a operar aqui e têm de ser os espanhóis com marinheiros do outro lado do mundo? Ao menos empregassem pessoal local. Pesquisei o meu arquivo fotográfico por mais imagens, a ideia de escrever isto só me veio depois e por isso não tirei outro tipo de fotos, estava mais interessado nos leões. Descobri o que queria, as fotos das embarcações de pesca locais que eu costumava ver. As imagens são elucidativas da minha dúvida.
A ideia com que fiquei é que temos umas pescas destruídas, incipientes e somos totalmente pilhados pelos outros. Seguem-se imagens de embarcações de pesca captadas noutros locais nos Açores, nenhuma das embarcações é de longo curso ou do alto...
Depois de tirar as fotos aos leões e aos navios fui ao Continente comprar cherne e garoupa para alimentar a minha família. Para minha surpresa só havia salmão e sardinha na peixaria do Continente... E para que não pensem que ando a meter umas petas com a questão dos leões aqui vai:
By: Jimmy the Sailor – 28 de Outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O espelho...

Estava no meu navio, numa dança de sai não sai, eu explico. De meia em meia hora mudavam os planos de saída do navio variando das 11 da manhã á 16 da tarde. Saímos por volta das 14:30, mas foi difícil. Como ía dizendo, enquanto espera a saída olhei para o rio (entenda-se Tejo) e vi esta triste figura a passar
O navio de investigação das pescas Noruega. Este navio foi-nos oferecido pela Noruega há já um bom par de anos (princípio dos anos 80 se não estou em erro) para investigarmos e assim melhorar as nossas capturas. Ainda me lembro, jovem oficial de máquinas, em como gostaria de o tripular. o facto de ir com muitas passageiras biólogas também era um argumento de peso. E a vida neste país continuou.... entrámos para a CEE... subsidiou-se o abate de embarcações de pesca... alienaram-se companhias centenárias... abandoram-se rotas e mercados .... venderam-se frotas inteiras... E o espectáculo passou a ser este, o navio Noruega já velhinho, a reboque, já sem forças para nada. O espelho da nossa marinha mercante, da nossa pesca, da nossa actividade do Mar.
Tive pena, muita pena.....

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O estertor de uma companhia

Navio "Viseu" da Naveiro parado em Leixões. Como este está toda a frota, como foi possível chegar a esta situação? Tenho visto um ou dois parados em Lisboa e sei que os outros também estão pois perderam a certificação para navegar / operar. Não fiz nenhum estudo nem pesquisa mas sei que começou com a falta de pagamentos aos tripulantes e em simultâneo a detenção consecutivas de vários navios por não corresponderem á legislação em vigor. Os tripulante fizeram queixa á ITF o que acelerou mais o descalabro. A empresa de "Manning" (tratava da gestão da tripulação) desvinculou-se do contracto e fechou as portas. Eu convivi alguns anos com a Naveiro pois estavam mesmo ao meu lado. Cheguei a embarcar duas vezes nos seus navios para se resolver uma pontual falta de chefe de máquinas. Com essa minha experiência não fiquei surpreso com o que está a acontecer á empresa. A Naveiro era a maior companhia portuguesa de navegação, tinha (tem) 12 navios e o seu director aspirava chegar aos 20. Apenas digo, os empresários nacionais de navegação têm de compreender que para fazer as omeletes têm que partir os ovos, têm que os usar. Tenho pena das tripulações que agora estão na expectativa de nada, tenho pena dos trabalhadores do escritório pois esforçavam-se com as condições que lhes eram impostas e que agora estão a sofrer o espectro do desemprego. Jimmy The Sailor